24 de outubro de 2009

FIGURAS DA VILA 14

JOSÉ DE CASTRO
ACTOR, (1931-1977)


Após uma curta passagem por salas de Vasco Morgado, José de Castro ingressa no Teatro Nacional D. Maria II, que era dirigido por Amélia Rey Colaço-Robles Monteiro.


Ao lado de Amélia Rey Colaço,
em "Comediantes".



Aqui tem a oportunidade de, a partir de 1956, incarnar diversas personagens nas seguintes peças: "As Velhacarias de Scapin", "Clara Bonita", "Alguém Terá de Morrer", "Amor à Antiga", "A Castro", "A Ferida Luminosa" e "As Bruxas de Sálem".

"Ele vivia para representar e representava para viver", diria mais tarde Mariana Rey Monteiro.

Conhece Amália Rodrigues e sentem-se atraídos um pelo outro. Amália sonhou mesmo em casar com ele. "Durante quase dez anos tivemos uma grande amizade...", confidenciou uma vez Amália ao jornal Diário de Notícias.


Com Amália Rodrigues, numa festa de Carnaval.


Com Amália, entre a tia Lucrécia e a mãe.


A carreira internacional de Amália e a indecisão de José de Castro acabam por os afastar em definitivo.

Os êxitos sucedem-se uns a seguir aos outros: "Comediantes", "O Processo de Jesus", "O Tio Simplício", "Intriga e Amor", "O Lugre", "A Visita da Velha Senhora", "Entre Giestas", "Do Alto da Ponte", "D. Henrique de Portugal", "O Pescador à Linha", "Romeu e Julieta", "Furacão Sobre o Caine", "O Sr. Biederman e os Incendiários", "Um Eléctrico Chamado Desejo", "As Divinas Palavras" e "A Espada de Cristal".

É contratado por Ribeirinho, para o Teatro Nacional Popular, percorrendo com alguma regularidade todo o país.

Faz no Teatro Monumental, juntamente com Laura Alves e Madalena Sotto, a peça "É Proibido Suicidar-se na Primavera", e com Brunilde Júdice, a peça "O Pobre Mentiroso".

Novamente ao lado de Laura Alves e João Villaret representa em "Sua Alteza" e em "Dez Convites Para a Morte".


Juntamente com João Villaret,
numa festa popular.



Em 1970, no Teatro da Trindade, ao lado de Mariana Rey Monteiro, representa "O Rei Está a Morrer", de Ionesco, e "Calígula", de Camus, criações essas que são o seu pico de representação, atingindo a genialidade. Ionesco veio a Lisboa para o ver e disse que tinha sido o melhor intérprete da sua obra que tinha visto.


Em "O Rei Está a Morrer", com Elisa Lisboa.


"Calígula", no Teatro da Trindade, em 1971.


Quando representava "O Rei Está a Morrer", recebe, durante o intervalo de um dos espectáculos, a notícia do falecimento do seu pai. Voltou à cena e, diz quem viu, representou divinamente.

Seguem-se outros marcos de representação importantes na sua carreira: "Verão e Fumo", "As Raposas", "O Homem Que Fazia Chover", "Joana Lorena", "O Tempo e a Ira", este no Teatro Experimental de Cascais.

Lourdes Norberto, que contracenou com ele em "O Tempo e a Ira", disse dele: "Foi um dos actores mais invulgares, mimados e supersticioso que conheci".

Entra também no teatro de revista: "Noivas de Santo António", com Raúl Solnado, e "Mãozinhas de Veludo", com Carlos Cunha, foram números que ficaram na memória de todos.


"As Noivas de Santo António", com Raúl Solnado.


"Mãozinhas de Veludo", contracenando
com Carlos Cunha.



Volta a Angola e Moçambique em 1970, com Eunice Muñoz e Alberto Vilar, representando as peças "Dois Num Baloiço", "Os Dactilógrafos", "O Homem de Flor na Boca" e "Oração".



Fim da Parte II


Colaboração do Bardino Vitor Martinez.



1 comentário:

Fernando Reigosa disse...

Impossível não reconhecer que José de Castro foi simplesmente o maior actor Português (1) de todos os tempos. Multifacetado, desempenhando qualquer tipo de papéis (até na revista à portuguesa) com inegualável brilhantismo, um actor que só viveu para isso mesmo - ser actor.
Minto, viveu para algo bem mais importante do que ser actor, ser amigo sem olhar a condição social ou nível cultural,mas verdadeiramente amigo. Tinha como nunca vi amor pelo seu próximo - uma raridade.
Sem desprimor para ninguém, penso que esta é a mais justa homenagem que o Grupo Tertúlico "Os Bardinos" alguma vez prestaram ás gentes da sua terra, inclusivamente porque estte foi um HOMEM ignorado muitas vezes, eventualmente por razões que pouco ou nada têm a ver a razão. Como se vê, ainda hoje se foge a abordar certos temas. Como diria certo político '....é a vida.'.

(1) Digo 'Português' por algum sentido púdico, porque para alguns de nós (portugueses) em nada foi inferior aos grandes nomes que tão cantados têm sido na cena internacional. Bem ao contrário.