4 de novembro de 2009

FIGURAS DA VILA 18

ELISIÁRIO CARVALHO
PINTOR, (1913-1998)

Nasceu no local onde hoje se ergue o Mercado Municipal, na Rua Costa Pinto, em Paço de Arcos.

Órfão (1915), a viver com os seus avós, começou a evidenciar nos bancos da escola (1922/23) os seus primeiros dotes para o desenho e a pintura, prontamente interrompidos pela realidade da vida profissional que iniciou como caieiro (1924) e, logo após, pintor de construção civil, com o seu primeiro trabalho na estação do Cais do Sodré.



Continuava a desenvolver o gosto pelas artes plásticas, sem esquecer a pesca, à porta de casa, à beira-Tejo - primeiro como passatempo, depois como apoio à sobrevivência - quando surgiu no seu caminho, Pina d'Emarghi, pintora e contista, aluna da Escola Superior de Belas Artes de Lisboa e da Academia de San Fernando, em Madrid, filha de italianos e veraneante habitual em casa de sua avó, junto ao Chafariz Velho, em Paço de Arcos.

Ao reconhecer o talento do jovem, a pintora levou-o às Belas Artes, na busca de encaminhamento das suas capacidades, o que lhe foi prontamente recusado, por falta de habilitações literárias adequadas. Ultrapassado o desgosto, terminado o serviço militar (1934), regressou, ainda mais apaixonado, aos encantos da paleta, sempre presentes a par da sua vida profissional.




Julian Philip Leacock (c.1894/c.1974) se chamou um abastado inglês naturalizado português que, na década de cinquenta, comprou a Quinta do Barro, actualmente de São Miguel dos Arcos, na Terrugem, em Paço de Arcos. Possuidor de uma considerável colecção de obras de arte, conhecedor do talento do seu conterrãneo, Leacock convenceu-o a recuperar alguns quadros da sua colecção.



Depois entrou em cena o Acaso, quando o Tejo devolveu à praia fronteira à residência do artista, uma chapa de contraplacado. Recolheu-a, limpou-a e nela criou o seu primeiro quadro, uma vista do Tejo para Paço de Arcos, daí em diante tema inevitável de toda a sua obra, cerca de centena e meia de trabalhos que marcaram presença através de três exposições individuais (1989, 1992 e 1996) e doze colectivas (1980/97). Em vez de comercializar as suas obras, preferiu oferecer algumas a familiares e recolher as restantes, carinhosamente, na sua casa ribeirinha.

Foi agraciado com a Medalha de Mérito Municipal, grau prata (Oeiras, 1994) e o Prémio Patrão Lopes - Arte e Cultura, da Junta de Freguesia da sua terra natal e é recordado na Rua Elisiário Carvalho, na Terrugem, em Paço de Arcos.

Elisiário Santos Carvalho, um Homem tão simples como a sua Vida.





Texto de Rogério Gonçalves.



Fim da Parte II.



Colaboração do Bardino Vitor Martinez.


Sem comentários: