1 de fevereiro de 2010

AS ESTÓRIAS DA BARDINAGEM 07

O ‘Lobito’ em Paço de Arcos

Muitos poderão estar esquecidos, mas há um Paçoarquense ilustre, que há 3 ou 4 anos se mudou para algures por deficientes condições da sua velha casa, no Largo 5 de Outubro.

Chama-se a personagem em questão Afonso Gaspena.

Foi atleta do CDPA em várias modalidades, com realce para o Andebol e Basquetebol, de primeiro plano a nível nacional.


Enveredou em termos profissionais, dada também a sua mestria na caça submarina, pela investigação, catalogação e divulgação das mais diversas espécies de seres vivos marinhos e seus ‘derivados’ (conchas, etc.).

Por razões de ordem vária dedicou-se, posteriormente, às técnicas de congelação e preservação de todo o tipo de habitantes marinhos.

Um Senhor, um Companheiro, um Mestre, que todos escutávamos de certo modo enlevados. Com ele aprendi, como tantos outros, muito do que hoje sei, e meço comportamentos.

Não raro o vi sair de casa de cana de pesca já aparelhada, chegar ao pontão, pôr-se á pesca, ‘sacar’ uma quantidade de peixes (robalos, a maioria das vezes) e sair quando aparentemente ainda havia ‘procura’. Certo, certíssimo, é que poucos minutos depois já não se pescava nada. Ele lá sabia. E nunca contou a ninguém.

Como nunca contou as suas técnicas de congelação, donde se ter reformado, extemporaneamente.

Mas o que me motiva a vir aqui é outra coisa, simplesmente extraordinária. Senti, porém, que era necessário, ‘explicar’ minimamente o homem.

Tem a ver com o Lobito. Um cão Serra da Estrela, fidelíssimo companheiro do Afonso, que em tudo observava e cumpria as instruções do seu dono. Sem rebuços.

O que fazia o deleite da meninada, e dos companheiros do Afonso, era a cena crucial.

O Lobito sair de casa ‘colado’ á perna do dono, direcção esplanada dos Limas,

Sentar-se à mesa (literalmente) com o dono, ver-lhe ser servido em pratinho adequado um bolo de arroz (ou um queque, falha-me a memória), ficando em contemplação embevecida, até que o dono lhe dissesse – "podes comer". Então sim, deglutia a iguaria, num abrir e fechar de olhos, sem tocar no prato.


Saudades, destes amigos que desapareceram, dum ou outro modo, e que nos permitem estas recordações saborosas.




Colaboração do Bardino Fernando Reigosa.


Sem comentários: