6 de setembro de 2010

AS FESTAS DE PAÇO DE ARCOS 08

FESTAS DO SENHOR JESUS
DOS NAVEGANTES


Outras provas se desenrolavam com especial agrado na Avenida Marquês de Pombal com relevo para o atletismo, o salto em comprimento e em altura, lançamento do peso, corrida de 100 metros, bem como em redor do jardim, que na altura era oval visto não existir ainda a Avenida Marginal, que só foi inaugurada em 1940.

Alguns atletas de nomeada se deslocaram a Paço de Arcos, como o Dr. Salazar Correia, campeão de 100 metros e Gentil dos Santos, representante do C.l.F., no salto em altura, que competiram, por volta de 1926, com atletas da nossa terra: os Cabritas, Joaquim Fiúza e Manuel Nogueira, no salto em altura; tendo este último sido também um óptimo representante no peso, salto em comprimento e em velocidade, destacando-se nesta modalidade, igualmente, o nosso Mário Alexandre.




Mas as competições não se ficavam por aqui, pois, por exemplo em 1925, da muralha pombalina da praia se disputavam saltos artísticos para a água com a seguinte classificação:

1.° José Ribeiro; 2.° José Teixeira; 3.° Fernando Rosado (China); 4° Artur Braga; 5.° Vital Matias; 6.° José Duarte; 7 ° António Almeida; 8.° Joaquim Casquinha, e José Machado Passos (Ne) venceu a Taça da Milha ao chegar em primeiro na prova Caxias-Paço de Arcos.

Mais tarde, nesta mesma prova, distinguiram-se os consagrados campeões Mário Simas e Madeira, do Algés e Dafundo, e os nossos Jovita, José Machado Passos (Ne), Morales de los Rios, etc, etc., também se disputando provas Cais-a-Cais da muralha pombalina aos Socorros a Náufragos, provas que já voltaram novamente a realizar-se.

As regatas à vela também eram uma constante ao longo dos vários anos, mantendo-se ainda até hoje com as "Jornadas Náuticas" - Patrão Lopes", bem como as gincanas disputadas na parte central do Jardim ou no rinque do mesmo, em que avultavam as corridas de sacos, corridas a tres-pés, corridas de colher com ovo, ou as corridas-negativas de bicicleta, em que o desportista, sem pousar os pés no chão, ganharia quanto mais tempo levasse a fazer o seu percurso. Todos estarão bem lembrados das provas em que a bicicleta ficava minutos sem arredar do sítio em que estava!

Mas as festas recreativas não eram só isto, havia também espírito inventivo.




Repare-se no mini-comboio que fez as delícias da rapaziada no centro da Avenida. Trouxe-o o Arquitecto Melo Raposo.

No jogo proporcionado aos "concorrentes pescadores", no lago existente na altura ao lado do coreto, aqueles pescavam com um anzol munido de íman o(s) peixe(s) de plástico de argola na boca. Lembra-se que esta foi uma iniciativa do Comandante dos Bombeiros Carlos Ramos.

Mas não era só: ainda se recordam da "barraca dos cavalinhos", que, funcionando numa mesa circular, movia os "bichos", com uma manivela e era ver qual o primeiro cavalo a chegar? O "assistente" era o João Roque Trindade - o pai dos José e João Trindade. Havia grande participação da população - todos eram pelas suas festas.

E havia o stand do Comércio que reunia os concorrentes locais - um cada noite e no final das rifas, no último dia, a junção de esforços de todos que saltavam para o balcão procedendo a disputadíssimo leilão. E as receitas? As receitas eram para as Festas - pois "para o ano há mais, não é verdade?"




Uma última palavra para a Sociedade de Instrução Musical de Paço de Arcos (SIMPA) que, com a sua banda, abrilhantava as tardes de domingo e algumas das noites, possuindo igualmente a sua barraca. Igualmente uma palavra para a barraca das Osgas. Era uma "tasquinha" dinamizada pelo Inspector de Incêndios José de Oliveira Raposo, que a desenhou, e executada pelo nosso querido amigo José Duarte. Como vimos, os objectivos de solidariedade que, através dos tempos, animavam os mordomos da festa - primeiro com os bodos a pobres e, até em 1958, os lucros com o propósito de se construir um bairro económico para carenciados da Freguesia!




Deste longo dobrar de olhos pelo antigamente, vistoriando o passado, fica-nos, por entre um arsenal de emoções de buscas e achados de colaborações e entendimentos de fontes e riachos fica-nos dizia uma esperança não desempregada, uma certeza na continuidade das tradições desta bela terra, tradições que esta gente ímpar não deixará jamais morrer com a consciência arreigada de que cada um de nós é uma parte essencial na construção do seu futuro.

Um futuro umbilicalmente ligado às memórias do passado, que, em ondas de choque, ou dormentemente, se repercutem no presente e fluirão, com a força que lhes emprestarmos através de uma cidadania generosa e coerente, num porvir baseado no querer de tantas gerações -, que deram o seu melhor a estas terras!







Colaboração do Bardino Vitor Martinez.


1 comentário:

Fatima disse...

Venho deixar uma mensagem para vocês:

O Atelier de Artes da SIMECQ tem um convite para os amigos

http://simecqcultura.blogspot.com/2010/09/exposicao-de-pintura-130-anos-simecq.html

Contamos com a presença de todos

Abraço